A quem não pôde na vida
Ter escola frequentado
Não tendo, de consequência
Lugar ao sol conquistado
Dedico esta minha obra
Na presente ocasião
Por ter tido adotado
Tão humilde profissão.
Todo trabalho é nobre
É comum, ouvir dizer
Mas, se torna nobilíssimo
No meu ângulo de ver.
Se vou no superlativo
É porque de fato, é
Quando a função é feita
Por "Maria" ou por "José".
Não é raro de se ver
Desfilando pelas ruas
Um catador de papel
Com a pele quase nua.
E nem sempre está sozinho
Tendo em sua companhia
Às vezes, mulher e filhos
Pelo pão de cada dia.
Quando chega o fim da noite
Quase morto de cansado
Trabalhou o dia todo
Puxando carro pesado.
A venda do seu produto
Sempre o deixa humilhado
Kilo e kilos de papel
Por tão minguados trocados.
No labor realizado
De certo modo ajudou
Por ter protagonizado
Sujeira que retirou.
Não somente papelão
Transportado na viagem
Mas, tbém outras espécies
Propensas à reciclagem.
O trabalho é incansável
Faça chuva, faça sol
Não tem folga semanal
Nem para ver futebol.
Vive no anonimato
À margem do social
Engrossando as fileiras
Da economia informal.
Há também outras imagens
Aliás, bem parecidas
Do vendedor ambulante
Nos sinaleiros da vida.
Longos cordões esticados
Expondo mercadorias
Porém, ao chegar a chuva,
É aquela correria.
Bem assim, a vida segue
Uns carentes, outros nobres
O que seria dos ricos
Se não existisse o pobre?
Ao prestador de serviços
Há que render gratidão
Reais ($) não personificam
Pra realizar função.
Estou escrevendo um livro
Pra em breve publicar
Em quantidade de MIL
Mas, o meu, eu vou comprar.
Pagarei com Cesta Básica
Ofertando a um carente
Oxalá, o meu leitor,
Siga o exemplo da gente.
E que sejam transformados
Esses meus mil exemplares
Justo, em Mil Cestas Básicas
Com apoio dos meus pares.
Pra centenas de famílias
Ainda que por momentos
Radiantes de alegria
Ter fartura em alimentos.
A quem quiser comprar a obra
Aqui já vou explicar
Vá a um supermercado
Pra cesta básica montar.
Arroz e feijão TIPO "1",
Esses não podem faltar
E doe ao primeiro carente
Que pela frente encontrar.
Por favor, me mande SELF
Demonstrando a boa ação
Seu endereço com CEP
Não deve esquecer não.
Vou autografar seu livro
E mandar pelo Correio
Mais original que isso
Não encontrei outro meio!
(*) Valdecy Borges é jornalista e advogado (UFG), filho de Arnaldo Fernandes e de dona Jacy Borges, fundadores do distrito de Jacilândia no município de Itapirapuã. Valdecy nasceu em Bonfinópolis-GO em 1948, morou em Itauçu, mudou-se para Jussara em 1955. Atualmente reside em Goiânia.